terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lula, O Filho do Brasil

Polêmica com Lula no cinema

Longa-metragem dirigido pelo cineasta Fábio Barreto sobre parte da trajetória de vida do presidente inaugura a 42ª edição do festival de brasília. Mesmo fora de competição, filme provoca debate

O filme Lula, O Filho do Brasil, abre o 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro hoje à noite no Teatro Nacional, na capital federal. A sessão de abertura, fora de competição, já é polêmica por questões óbvias. Com direção de Fábio Barreto, e com o ator Rui Ricardo Diaz, conhecido no teatro paulistano, no papel de Lula e Glória Pires como a mãe do presidente, o filme será lançado comercialmente em janeiro de 2010. Segundo Fernando Adolfo, coordenador geral do festival, o convite foi feito ao diretor do longa em agosto, pois já era certo que o filme estaria finalizado em novembro, em tempo hábil para participar do festival, o mais antigo e um dos mais prestigiados do País. O cerimonial não prevê a presença do presidente na sessão, pois ele está viajando, mas vários políticos, ministros e funcionários do primeiro escalão confirmaram que vão assistir ao filme.

“É claro que ninguém é inocente e o Festival de Brasília sempre teve a discussão política, seja a política em geral como as políticas culturais de forma mais específica, em sua programação. Isso pode acontecer com os filmes, nos debates, na manifestação dos artistas e do público. Este filme em especial traz um personagem importantíssimo e sim, eu sabia que haveria polêmica no lançamento comercial em janeiro. Agora, obviamente, fazendo seu lançamento aqui em Brasília, o debate seria antecipado. Tanto por ser a capital do País, como pelas características do festival, de procurar abrir espaço para a discussão livre, o impacto será grande, tanto entre a platéia cativa do festival, o público em geral quanto para os políticos”, disse Fernando Adolfo ao POPULAR por telefone.

Fábio Barreto, diretor de O Quatrilho (que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro em 1997), baseou o roteiro no livro de Denise Paraná, lançado em 2002, sobre a trajetória do presidente, nascido em Garanhuns (Pernambuco), numa família pobre, que depois se mudou para São Paulo como retirante. Em abril, durante o Cine Pernambuco, no Recife, quando estava prevista uma sessão do filme não-finalizado, o que não aconteceu, o cineasta deu entrevista ao POPULAR. “Bom, a ideia veio do meu pai, que também é nordestino, o produtor Luis Carlos Barreto. Meu pai considera, de certa forma, as trajetórias dele e do Lula um pouco parecidas, na medida em que são migrantes que foram do Nordeste para o Sul e que tiveram êxito. Meu pai me convidou para a direção e disse que eu era o cara certo para esta missão. E eu perguntei, por quê? “Você tem a capacidade de fazer bem o filme de época, o filme histórico, e encaixar bem isso poeticamente”.

Fases
Segundo o cineasta, o filme aborda desde a infância de Lula até sua chegada a líder sindical, antes da fundação do PT. Além do livro de Denise Paraná, o roteiro, que contou com Daniel Tendler e Fernando Bonassi, é dividido em fases, e foi inspirado em entrevistas com o presidente, parentes e pessoas que conviveram com ele. “Os cortes temporais se dão do nascimento à sua ida para São Paulo, num pau-de-arara, aos 7 anos. Daí eu vou para os 14 anos, depois para os 20. E aí o filme segue a trajetória dos 20 aos 35 anos de Lula”, disse o diretor, que conhecia Lula desde os anos 80, quando começou a carreira, documentando as greves no ABC paulista. “Antes de filmar estive com ele para tirar dúvidas sobre as relações dele com os irmãos, com outros líderes sindicais e li passagens do roteiro para ele. Lula me esclareceu muitas coisas, mas sem interferência. ‘Não quero nem poderia interferir em nada, que você seja completamente livre para fazer uma coisa boa’, me disse o Lula.”

O cineasta define o filme como um épico realista e o resume como a história de uma família, como milhões de famílias, que passaram e passam por coisas semelhantes: não é um documentário, mas uma ficção baseada em fatos reais. “Pessoas que saem do nada e tinham tudo para dar errado. Essa família representa o povo brasileiro, sua tenacidade, resistência ao enfrentar a vida, sem se deixar intimidar pelas adversidades. Enfrentam e vencem. O povo brasileiro é assim, de extrema qualidade, e digo isso com a experiência de quem já viajou praticamente o mundo todo. É uma homenagem ao povo brasileiro através da família Silva. É uma narrativa, também, sobre a relação entre a mãe e um filho, sobre a forma como ela incutiu nele valores morais, princípios éticos, de dignidade, que deram o que deu”, exalta o cineasta.

Dificuldades
Fábio Barreto adianta que evitou tomar partido. “O filme vai até Lula se tornar presidente do sindicato, ser preso e sair da cadeia para o enterro da mãe. Antes da fundação do PT. Claro que tem a parte política dos sindicatos do ABC paulista, um lugar que foi o coração para a precipitação do fim do regime militar. O enfrentamento da classe operária foi o que fez com que os militares fossem embora mais cedo, graças a Deus. O Figueiredo assumiu em 1979 e logo foi deflagrada uma greve gigantesca que durou 40 dias. Em 1980 a mesma coisa e foi aí que prenderam o Lula”. Fábio teve dificuldades para obter informações e achou complicado retratar no filme questões como a morte da primeira mulher dele, a depressão de Lula e em seguida sua fase de mergulho na bebida. “Mas está tudo lá”, garantiu.

As implicações políticas inevitáveis do filme, defende o cineasta, não correspondem necessariamente a um olhar partidário pessoal. “Encaro esta condição de artista com o dever de não impor meu ponto de vista próprio sobre o que eu faço. A minha ideologia é expor, relatar, informar. O julgamento fica para quem assiste ao filme. Ainda mais se tratando da vida de um homem que todo mundo conhece, baseado em fatos reais, tenho o dever de expor as coisas de forma mais fiel à realidade. É claro que inconscientemente sempre vai ter uma coisa minha, algum tipo de posicionamento meu. Não vou dizer assim: olha como o Lula é maravilhoso, porque senão viraria um filme político chapa branca, eleitoreiro. Coloquei no filme o que eu pude saber e conhecer da vida dele, sem favorecer ou atacar, como em todos os filmes que fiz.”


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Bodas de Papel


Candeias é uma pequena cidade do interior de São Paulo, esvaziada para a construção de uma usina hidrelétrica. Ali vive Nina (Helena Hanaldi), que passou boa parte de sua infância na companhia do avô, dono do único hotel da cidade, e que não resiste à mudança para a capital e acaba morrendo. Anos depois, Nina lê no jornal que o governo desistiu do projeto da hidrelétrica. Candeias, então, ainda com ares de cidade fantasma, vai aos poucos readquirindo vida, com o retorno de alguns moradores, entre eles Nina, que decide reformar e administrar o hotel do avô e acaba vivendo uma história de amor com um arquiteto argentino (Darío Grandinetti).

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Jogos Mortais 6

Mais sangue e tortura

Os fãs de filmes de terror e mais precisamente de Jogos Mortais não têm do que reclamar. Desde 2004, a franquia vem se multiplicando nos cinemas. Hoje chega às telas Jogos Mortais 6, sem fugir muito à tradicional fórmula.

O detetive Hoffman (Costas Mandylor), com a morte do agente especial Strahm (Scott Patterson), passa a ser o único que conhece o verdadeiro legado do assassino em série Jigsaw (Tobin Bell). Tudo parece correr bem até que o policial, com a aproximação do FBI, é forçado a colocar um jogo em ação para que o plano de Jigsaw seja entendido.

Para os aficionados por filmes de terror, Jogos Mortais 6 é um prato cheio. Afinal de contas, sequências de tortura, cenas sanguinárias e de automutilação estão mais presentes do que nunca. E, pelo visto, a franquia está longe de chegar ao fim. O produtor Mark Burg promete lançar no ano que vem ou em 2011 Jogos Mortais 7 em 3D. Nas bilheterias, o sexto longa agradou: no fim de semana de estreia nos EUA, arrecadou mais de US$ 14 milhões. (Folhapress)

Jogos Mortais 6: EUA/ Canadá/ Reino Unido/ Austrália, 2009
Direção: Kevin Greutert
Elenco: Shawnee Smith, Tobin Bell, Betsy Russell

Os Fantasmas de Scrooge

Mais nova animação da Disney, Os Fantasmas de Scrooge traz Jim Carrey se desdobrando em vários papéis

Esqueça o colorido dos enfeites natalinos, as cartas com pedidos de presente enviadas para o Papai Noel e as reuniões familiares com mesas fartas de peru, rabanada e panetone. Para o velho e pão-duro Scrooge, o Natal não deve ser comemorado e é escuro. Afinal de contas, na sua visão, trata-se de uma data na qual as pessoas, principalmente as menos endinheiradas, não têm motivos para celebrar.

A história desse ser humano mal-humorado é o mote de Os Fantasmas de Scrooge, mais nova animação da Disney, que estreia hoje. E quem dá vida a ele é Jim Carrey (O Grinch e Todo Poderoso). O ator, aliás, toma conta do filme: empresta sua voz e sua emoção a outros sete personagens: interpreta Scrooge em todas as fases de sua vida (quando criança, adolescente, adulto e na meia-idade) e os fantasmas que assombram o protagonista.

Para dar conta disso, não é difícil imaginar, o filme aposta em tecnologia. Transformar Jim Carrey em oito só foi possível devido à técnica empregada na animação pelo diretor Robert Zemeckis. Os Fantasmas de Scrooge uniu a imagem e as expressões faciais do ator ao desenho dos personagens animados, criados em computador –a mesma tecnologia pode ser vista em Expresso Polar (2004) e Beowulf (2007), também dirigidos por Zemeckis. Por essa razão, vale assistir ao filme em salas que oferecem exibição em 3D.

A história
Baseado em Um Conto de Natal (A Christmas Carol, em inglês), escrito por Charles Dickens ainda no século 19, o filme mostra a transformação pela qual Scrooge passa ao receber a visita de três fantasmas que o levam para uma estranha viagem do tempo.

Esses seres serão responsáveis pela grande transformação pela qual o velho sovina vai passar. Qualquer semelhança com a história de Tio Patinhas não é coincidência. O mesmo conto inspirou a história do patinho ranzinza. Personagens à parte, vale um aviso a pais e mães: com pitadas de horror, Os Fantasmas de Scrooge pode assustar os pequenos.

Romance gay
Em I Love You Phillip Morris, filme exibido durante a 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Jim Carrey interpreta um personagem totalmente diferente do velho Scrooge. Ainda inédito no circuito comercial americano, o filme deve estrear no Brasil em abril do ano que vem. A demora, segundo os produtores, está relacionada à temática homossexual do longa.

I Love You... conta a história do policial Steven Russel (Carrey), que, depois de se assumir gay, é preso por aplicar uma série de golpes para manter o seu novo e caro estilo de vida. Na penitenciária, ele conhece Phillip Morris (Ewan McGregor), o grande amor de sua vida. Com direção de Glenn Ficarra e John Requa, o filme traz também Rodrigo Santoro, que dá vida a Jimmy, o primeiro namorado de Russel. Os dois protagonizam várias cenas de carinho. (Folhapress)

Os Fantasmas de Scrooge: EUA/2009
Direção: Robert Zemeckis
Elenco: Jim Carrey, Colin Firth, Gary Oldman, Cary Elwes

Os Fantasmas de Scrooge

Mais nova animação da Disney, Os Fantasmas de Scrooge traz Jim Carrey se desdobrando em vários papéis

Esqueça o colorido dos enfeites natalinos, as cartas com pedidos de presente enviadas para o Papai Noel e as reuniões familiares com mesas fartas de peru, rabanada e panetone. Para o velho e pão-duro Scrooge, o Natal não deve ser comemorado e é escuro. Afinal de contas, na sua visão, trata-se de uma data na qual as pessoas, principalmente as menos endinheiradas, não têm motivos para celebrar.

A história desse ser humano mal-humorado é o mote de Os Fantasmas de Scrooge, mais nova animação da Disney, que estreia hoje. E quem dá vida a ele é Jim Carrey (O Grinch e Todo Poderoso). O ator, aliás, toma conta do filme: empresta sua voz e sua emoção a outros sete personagens: interpreta Scrooge em todas as fases de sua vida (quando criança, adolescente, adulto e na meia-idade) e os fantasmas que assombram o protagonista.

Para dar conta disso, não é difícil imaginar, o filme aposta em tecnologia. Transformar Jim Carrey em oito só foi possível devido à técnica empregada na animação pelo diretor Robert Zemeckis. Os Fantasmas de Scrooge uniu a imagem e as expressões faciais do ator ao desenho dos personagens animados, criados em computador –a mesma tecnologia pode ser vista em Expresso Polar (2004) e Beowulf (2007), também dirigidos por Zemeckis. Por essa razão, vale assistir ao filme em salas que oferecem exibição em 3D.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Golfinho – A História de um Sonhador

O golfinho surfista

Único filme para crianças que entra em cartaz no feriado, a animação O Golfinho: A História de um Sonhador é terceiro longa do diretor peruano Eduardo Schuldt (Piratas en el Callao), em coprodução da Itália e Alemanha. Dublado na versão brasileira pelo ator e apresentador Marcos Mion, o protagonista é Daniel Alexandre Golfinho, um animal que sonha em ser um grande surfista, mas mora numa lagoa. Um dia, ele foge e enfrenta os mares atrás de uma onda perfeita, arriscando a própria vida e envolvendo-se em muitas aventuras, algumas divertidas, outras bem perigosas. O filme é baseado no best seller que vendeu mais de 14 milhões de cópias, de autoria de Sergio Bambarén.

O Golfinho – A História de um Sonhador: Peru, Itália, Alemanha
Direção: Eduardo Schuldt

Matadores de Vampiras Lésbicas

Vampiras malditas

Com a volta dos filmes de vampiros aos cinemas, as paródias que já atacaram os mortos-vivos estão retornando à telona, caso de Matadores de Vampiras Lésbicas. Como já indica o título, a premissa é fazer piada com o gênero. O fio de história começa a se desenrolar com uma rainha vampira e lésbica, Carmilla, que seduz a mulher de um barão na Inglaterra do século 19. A tal rainha é assassinada, mas antes de ir para o além roga a praga: todas as moças, ao completar 18 anos, se tornarão vampiras lésbicas também. Muitos anos se passam e dois amigos vão passar férias no lugar. Eles se encantam com as garotas, sem saber que elas são vampiras, e entram como cobaias numa profecia para trazer a Rainha Vampira de volta.

Matadores de Vampiras Lésbicas: Reino Unido/ 2009
Direção: Phil Claydon
Elenco: Paul Mcgann, James Corden, Mathew Horne

Terror na Antártida

Gelo e sangue

A inglesa Kate Beckinsale estrela a superprodução Terror na Antártida, filme rodado no Canadá e baseado numa graphic novel. Depois de estrelar a série de filmes de ação Anjos da Noite, no papel de uma vampira do bem, desta vez ela interpreta uma pessoa normal, uma delegada federal que tem a missão de investigar um assassinato ocorrido numa base científica no Polo Sul.

A direção é de Dominic Sena (de 60 Segundos e A Senha: Swordfish), sob produção do midas hollywoodiano Joel Silver. O longa-metragem foi filmado há cerca de dois anos e, segundo o produtor, a demora no lançamento teve como motivo o exaustivo trabalho de pós-produção, principalmente a manipulação das cenas com efeitos digitais.

Terror na Antártida: EUA/2009
Direção: Dominic Sena
Elenco: Kate Beckinsale, Columbus Short, Gabriel Mach

Herbert de Perto

História de superação

Da tragédia à superação, a trajetória do líder da banda Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, é o tema do documentário Herbert de Perto, dirigido por Roberto Berliner (de Pindorama) e Pedro Bronz. O filme, exibido pela primeira vez no Festival é Tudo Verdade de 2006, traz um pouco da intimidade do roqueiro que, no auge da carreira, ficou paraplégico em fevereiro de 2001. Ele era o piloto de um ultraleve que caiu no Rio de Janeiro, acidente no qual sua mulher não sobreviveu.

O filme foi rodado em meados de 2005, no período em que Herbert voltava plenamente à vida profissional, lançando um disco com sua banda. O começo dos Paralamas, o sucesso do rock nacional a partir de meados dos anos 80, a sobrevivência da banda enquanto muitas outras pereceram estão entre os temas do longa, experiências que o diretor Berliner viveu de perto, pois dirigiu alguns dos videoclipes do conjunto. Mesmo assim, o artista, um pouco tímido, não fala tanto sobre a tragédia de sua família e centra-se mesmo nos planos para manter a banda na ativa, como vem fazendo até hoje.

Herbert de Perto: Brasil/2009
Direção: Pedro Bronz e Roberto Berliner

Besouro – O Filme

Capoeira no centro da ação

O filme brasileiro Besouro mistura ficção, história e cenas de ação para contar a história de um dos mestres da capoeira

Rute Guedes

Atualmente, a capoeira é aceita nas academias de esporte como uma maneira de cultuar o corpo e até como uma forma de socialização e de atração artística e folclórica: é difícil não se render aos movimentos malabarísticos dos capoeristas nem ao ritmo hipnotizante da música que acompanha as apresentações. No filme Besouro, produção nacional que mistura ficção e fatos reais, quem está no centro da roda é a figura de mestre Besouro, capoeirista baiano dos anos 20 considerado invencível por suas habilidades, mas que se tornou um mito também porque no período a capoeira era tratada com muito preconceito e era inclusive motivo de cadeia.

Ao mesmo tempo em que procura localizar cultural e socialmente a capoeira, o diretor João Daniel Tikhomiroff investe na ficção, no potencial do longa como um filme de ação de artes marciais. Não por acaso, as cenas de ação foram coordenadas pelo chinês Dee Dee, responsável por várias coreografias de sucessos de Hollywood que inovaram em sequências de luta, como em Matrix, Kill Bill e O Tigre e o Dragão.

“A participação de Dee Dee foi enriquecedora para a caracterização do longa. Aqui temos um personagem forte e original em uma história que é baseada em lendas locais. Há poucos registros sobre esse homem, pois ele viveu na época da escravidão. Mas foram os fragmentos que encontrei que me impulsionaram a produzir”, diz João Daniel Tikhomiroff.

O capoeirista Besouro (papel do baiano Ailton Carmo), dentro dos costumes do grupo, tinha a missão de cuidar da proteção de seu mestre, Alípio (Macalé). Com o assassinato de seu líder, o personagem, que mora na região do Recôncavo Baiano, busca a proteção dos orixás, enquanto na sobrevivência do cotidiano sofre com o preconceito pela cor e pela pobreza, praticamente uma constante entre os ex-escravos e seus filhos. “Besouro é para os capoeiristas o que Cristo é para os cristãos. Retratá-lo no cinema é uma honra”, diz o baiano Ailton Carmo, que interpreta o protagonista.

Publicitário com diversos prêmios internacionais, o diretor tem longa ligação com o cinema, pois é filho de um dos diretores da Universal Pictures no Brasil, o que lhe deu a oportunidade, além do contato com o meio cinematográfico, de trabalhar como assistente de direção de cinema e fazer documentários ainda bem jovem. No entanto, só agora ele tem a chance de estrear como diretor de um longa.

A ideia surgiu quando se deparou com o livro Feijoada no Paraíso, do escritor carioca Marco Carvalho. “Era um livro fino, com uma seleção de contos baseados nas lendas do Besouro, de quem até então eu nunca tinha ouvido falar. Na hora, fiquei apaixonado pelo personagem do Besouro. Ele me arrebatou”, conta.

Ele diz que o roteiro do longa se inspira no livro, apesar de não ser totalmente fiel a ele e que o filme não é biográfico nem histórico. “É um filme de ficção, uma verdadeira fantasia, baseada nas lendas sobre um homem extraordinário. O filme tem personagens que não existiam no livro, por exemplo. Até porque ninguém sabe exatamente como aconteceu de fato, porque sua história sobrevive em grande parte graças à tradição oral das músicas sobre ele.”

João Daniel explica que a capoeira do filme vem misturada a outros elementos de luta, necessários para o enriquecimento dramático dos embates entre os personagens. Na capoeira do filme, os personagens usam os braços, por exemplo, coisa que não se faz na capoeira tradicional. “E há também a inclusão dos voos, já que uma das lendas sobre Besouro que o filme explora é justamente a sua capacidade mágica de voar”, destaca.

O longa, que está sendo lançado com 160 cópias, vem de uma bem-sucedida carreira na internet:teve mais de 500 mil acessos em dois das dezenas de canais que o YouTube criou para abrigar o trailer.

Besouro – O Filme: Brasil/2009
Direção: João Daniel Tikhomiroff
Elenco: Aílton Carmo, Anderson Santos de Jesus, Jessica Barbosa, Flavio Rocha, Irandhir Santos

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Michael Jackson: This is It

O último bis

Documentário This is It: Michael Jackson traz os ensaios para a última série de shows que o popstar iria fazer

Morbidez? A chance de um último adeus dos fãs? O registro final do trabalho de um artista fundamental da cultura pop ou mais uma exploração em busca de um punhado de dólares? O documentário This is It: Michael Jackson, que entra hoje em cartaz em vários países com a promessa de ficar apenas duas semanas em cartaz, levanta todas essas questões. O filme é resultado da edição de mais cem horas de gravação dos ensaios para a derradeira série de shows do cantor, prevista para julho, em Londres.

Michael morreu antes, de um ataque cardíaco provocado por uma overdose de medicamentos, em 25 de junho. A família dele e a organização que controlava a sua carreira deram ao diretor de palco de Michael, Kenny Ortega, a direção do filme, com cenas de ensaios e conversas do artista acertando detalhes para o show.

Os ingressos para a temporada em Londres, 50 apresentações ao todo, já estavam parcialmente vendidos. O diretor era Kenny Ortega, o mesmo de High School Musical, sucesso da Disney. O contrato de US$ 60 milhões para a criação do filme foi fechado entre os herdeiros de Jackson, a empresa AEG Live, que estava promovendo os concertos, e a Sony Pictures. O diretor de palco ficou sendo o mesmo do filme.

Ingressos
Com base na arrecadação do longa-metragem, nas vendas de álbuns e em negócios fechados desde a morte do cantor, os administradores de seu patrimônio esperam gerar mais de US$ 200 milhões de receita até o final do ano. Em algumas cidades, principalmente dos EUA, várias sessões tiveram ingressos esgotados devido às vendas antecipadas. No Japão, mais de US$ 1 milhão em ingressos foram vendidos no primeiro dia em que ficaram disponíveis, um recorde segundo a Sony. A estimativa de arrecadação mundial é de mais de US$ 600 milhões.

Em Goiânia, Herbert de Souza, do Grupo Severiano Ribeiro (Cinemas Flamboyant e Goiânia Shopping), informou que havia vendido até a tarde de ontem 250 ingressos para as sessões de hoje. “É um número bem expressivo, mas o Lua Nova (da saga Crepúsculo), que só tem estreia marcada para 20 de novembro, já vendeu 850 ingressos antecipados. Acho que o pessoal não está sabendo que o filme do Michael Jackson só ficará duas semanas em cartaz. As pessoas têm perguntado muito e deixado para comprar na hora da sessão. As expectativas de público são boas, sim”, afirma o gerente. No Brasil, o filme entra em cartaz em 200 salas e, segundo a Sony, foram vendidos antecipadamente 50 mil ingressos pela internet em todo o País.

Conforme a agência de notícias Reuters, um grupo de fãs de Michael Jackson iniciou uma campanha de “despertar” sobre o filme This is It, alegando que ele esconde os graves problemas de saúde do cantor. No período dos ensaios, de abril a junho, sites na internet divulgavam que o cantor não sabia que teria de fazer tantos shows assim e estaria disposto a cancelar parte da temporada. Ainda segundo a agência de notícias, o diretor Ortega disse que não viu sinais de cansaço excessivo por parte do cantor que denunciasse problemas graves de saúde. Michael Jackson teria ensaiado na noite anterior à sua morte, que, segundo a polícia de Losa Angeles, aconteceu por volta das 13 horas de 25 de junho.

“Eu acho que o filme vai ajudar os fãs a apreciar e entender o que Michael estava colocando em This is It, quais eram seus sonhos, quais eram seus objetivos. É uma história de um mestre de sua arte”, disse Ortega.

Michael Jackson: This is It: EUA/2009
Direção:Kenny Ortega

Falando Grego

Amor à moda grega

Revelada em O Casamento Grego, a atriz e roteirista Nia Vardalos, norte-americana de origem grega, aproveitou o perfil exótico e as medidas poucos convencionais para fazer um humor suave sobre o poder das diferenças culturais, para o bem e para o mal.

O filme foi um estouro e, anos depois, ela não foi muito além e parece continuar na mesma, fazendo comédias românticas parecidas, caso de Falando Grego. A diferença é que desta vez a história se passa na Grécia e Nia trabalha como uma guia turística frustrada, reclamona e solitária.

Georgia (Nia Vardalos) é uma americana de origem grega que trabalha como guia turística acompanhando viajantes pela Grécia. O destino maravilhoso torna-se um caminho para o tédio a cada vez que ela se defronta com turistas mal-educados, consumistas e pouco interessados diante das riquezas que os antigos gregos deixaram para a humanidade.

Seu desânimo começa a decair quando Georgia conhece um turista muito especial, o senhor Irv Gordon (Richard Dreyfuss). De maneiras inusitadas, ele ajuda a guia entediada a perceber o mundo de possibilidades felizes à sua volta, a começar por um insuspeito e sexy motorista de ônibus.

Falando Grego: EUA/Canadá/2009
Direção: Donald Petrie
Elenco: Nia Vardalos, Richard Dreyfuss, Rachel Dratch, María Adánez, Macarena Benites

High School Band

A salvação pelo rock

High School Band, que estreia apenas em cópias dubladas em todo o País, não é uma continuação do musical da Disney High School Music, mas como a estrela é a mesma, a morena Vanessa Hudgens, os distribuidores brasileiros preferiram este título ao original norte-americano: Bandslam. Mesmo assim, o universo do filme não difere muito dos similares sobre estudantes de segundo grau dos EUA que se destacam em concursos de dança ou música.

As semelhanças ficam mais por conta da presença de Vanessa Hudgens, protagonista de HSM, mas ela aparece relativamente pouco, deixando espaço para dois atores realmente de talento, Aly Michalka e Gaelan Connell (Chocolate), e o mesmo cenário escolar. O universo é o da high school norte-americana, que os adolescentes brasileiros estão cansados de conhecer e de saber como funciona.

Will Burton (Galean Cornell) é um cara meio desajeitado, novato na cidade e na escola. Solitário, ele adora música e passa o tempo todo mandando e-mails para David Bowie, eterno astro do rock inglês. Até que ele se torna amigo de Charlotte (Aly Michaka), uma garota que se cansou da superficialidade dos colegas, e da tímida Sa5m (Vanessa Hudgens). Com as novas amigas, ele cria coragem para montar uma banda nada convencional e se inscrever num concurso de rock.

High School Band: EUA/2009
Direção: Todd Graff
Elenco: Vanessa Hudgens, Lisa Kudrow, Scott Porter

Uma Prova de Amor

Na saúde e na doença

Abigail Breslin, de A Pequena Miss Sunshine, está em drama sobre uma garota que se revolta por servir de cobaia para ajudar a irmã com câncer

Conhecida pelos cinéfilos mais antigos, a grife Cassavetes está em sua segunda geração. Nick Cassavetes, filho do renomado cineasta John Cassavetes, prestigiado por seus filmes autorais e inventivos, está ainda tentando marcar território em Hollywood, mas na área dos melodramas.

Depois de Diário de uma Paixão, ele retorna à cena com Uma Prova de Amor, sobre uma família que sofre com uma jovem à beira da morte devido a um câncer terminal. A produção conta com a estrela Cameron Diaz e a revelação Abigail Breslin (a protagonista de A Pequena Miss Sunshine).

Baseado num romance de Jodi Picoult, a trama gira em torno da revolta de Anna (Abigail Breslin), que só foi concebida para poder ajudar a irmã mais velha em seu tratamento contra leucemia, pois ninguém da família tinha até então uma medula compatível. Quando fica adolescente, decide processar os pais para que eles parem de retirar órgãos e estruturas de seu corpo para doar para a irmã mais velha, Kate (papel de Sofia Vassilieva, do seriado Medium), que agora precisa de um rim.

Os pais Sara (Cameron Diaz) e Brian (Jason Patric) se debatem num dilema entre continuar ajudando a filha doente ou parar de torturar a caçula, que por enquanto ainda é saudável. Alec Baldwin interpreta o advogado que cuida do caso complicado nos tribunais, sem saber a guerra familiar em que está se metendo. (Com agências)

Uma Prova de Amor: EUA/2009
Direção: Nick Cassavetes
Elenco: Abigail Breslin, Cameron Diaz, Jason Patric, Thomas Dekker, Sofia Vassilieva, Joan Cusack

Tempos de paz - Daniel Filho dirige drama com Tony Ramos

Há cerca de 50 anos na linha de frente do cinema e na TV no Brasil, o ator, diretor e produtor Daniel Filho tem mostrado fôlego na chamada fase de retomada do cinema brasileiro, iniciada em meados dos anos 90. Na contracorrente dos diretores que procuram trabalhos mais personalizados, ele não se preocupa muito com críticas e quer mesmo é o grande público, vide filmes como Se Eu Fosse Você (2006) e Se Eu Fosse Você 2 (2008), grandes sucessos de bilheteria. Em Tempos de Paz, seu filme mais recente, Daniel abre mão do entretenimento direto por uma trama mais complicada e de tons épicos.

Adaptação da premiada peça teatral Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, que assina o roteiro, o filme é estrelado pelos mesmos protagonistas do tablado: Tony Ramos e Dan Stulbach. Ator-padrão da Rede Globo há décadas, Ramos interpreta Segismundo, um policial que se vê em maus pedaços depois que o governo Vargas decide libertar todos os presos políticos. Até então, a função do policial era exatamente o controle no serviço de imigração, provocando a revolta de muitos perseguidos políticos que tentam abrigo no País. Entre os seus métodos de trabalho, tortura era algo comum.

Com a nova ordem política, mais democrática com o fim da Segunda Guerra Mundial, Segismundo já começa a imaginar que os inimigos que conquistou na polícia logo podem aparecer. Um dos confrontos inevitáveis de ex-policial é com um ator polonês que, fugindo do nazismo, busca asilo no Brasil para tentar a sorte como pequeno agricultor. O papel, interpretado por Dan Stulbach, é inspirado no ator e diretor polonês Zbginiew Ziembinski (1908-1978), que acabou se tornando um dos nomes mais importantes das artes no País.

Tempos de Paz: Brasil/2009
Direção: Daniel Filho
Elenco: Tony Ramos, Daniel Filho, Dan Stulbach, Louise Cardoso

A Órfã

A convidada perigosa

Depois da estreia de Arraste-me para O Inferno, de Sam Raimi, outro filme de terror chega às telas com a promessa de provocar muitos sustos. A Órfã, porém, parte de um clichê difícil de resistir nas produções de gênero: a junção medo e crianças.

A trama começa quando um casal perde um dos três filhos e decide adotar uma menina de rostinho adorável num orfanato. A escolhida é Esther, uma garota articulada e inteligente. O que eles nem imaginam é que a jovem esconde uma personalidade doentia. O diretor Jaume Collet Serra pertence à nova geração de diretores de língua espanhola de filmes de suspense e terror que começou a ganhar destaque com Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno) e Alejandre Amenábar (Os Outros). A Órfã é o segundo filme de Jaume rodado nos EUA, depois de uma experiência nada animadora: o insípido A Casa de Cera.

A Órfã: EUA, Alemanha/Canadá/França, 2009
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Peter Sarsgaard, Vera Farmiga, Jimmy Bennett

0 Sequestro do Metrô 123

Perigo nos trilhos

Desde a primeira cena, a intenção da ação O Sequestro do Metrô 1 2 3 é transportar o espectador para um ritmo frenético que só se quebra nos créditos finais. Durante as duas horas de exibição, o longa de Tony Scott cumpre bem seu propósito ao colocar em cena Denzel Washington na pele de Walter Garber, um ex-executivo do metrô acusado de suborno.

Como está sendo julgado pelo suposto crime, Garber atualmente responde apenas pelo controle do tráfego dos vagões. Em um dia típico de trabalho ele percebe que há algo errado com um trem parado entre duas estações. Dentro de um dos vagões está Ryder (John Travolta), líder de uma quadrilha que exige US$ 10 milhões para liberar os passageiros. O prazo é de apenas uma hora e, para cada deslize das autoridades, o pagamento será a vida de um refém. Enquanto a polícia e o prefeito arquitetam a melhor maneira de reunir o dinheiro e entregar aos bandidos, uma estranha cumplicidade surge entre Garber e Ryder. O longa é a quarta parceria entre Scott é Denzel. As outras são Maré Vermelha, Chamas da Vingança e Déjà Vu.(Com Folhapress)

0 Sequestro do Metrô 123: EUA/2009
Direção: Tony Scott
Elenco: Denzel Washington, John Travolta, Luis Guzmán, Ramon Rodriguez

Up – Altas Aventuras

O velhinho voador

Em Up – Altas Aventuras, um velhinho e uma criança fazem uma estranha viagem pelo ares

Ao menos para os brasileiros, logo que começaram a ser divulgados fotos e trailers da animação Up – Altas Aventuras, superprodução da Disney /Pixar, vem a lembrança do padre voador que sumiu no ano passado ao empreender uma viagem amarrado a centenas de balões. Descontando a memória sinistra, o filme da Disney é uma produção divertida e impecável, com o indefectível otimismo dos títulos que marcam a fábrica de sonhos e dinheiro do estúdio do Mickey.

Em Up, o protagonista é um senhor de 80 anos que, depois de esperar por décadas, decide realizar o estranho desejo de viajar pelo mundo de modo bastante inusitado: para não ir para um asilo, ele amarra milhares de balões em sua casinha de madeira e parte rumo a uma aventura em direção à América do Sul. O que o velhinho não imaginava é que está levando um hóspede clandestino de 8 anos na jornada.

O aposentado e amargo personagem, na versão brasileira dublada pelo ator e humorista Chico Anysio, guarda uma história triste de seu passado, o que justifica mais ou menos o rompante na velhice. Porém, o que seria uma viagem solitária e nostálgica se torna algo bem diferente com a companhia do seu inesperado companheiro, o moleque Russell, um menino falastrão e inquieto. A princípio eles vivem às turras, mas não demoram a descobrir o poder da amizade e da aprendizagem.

Up – Altas Aventuras: EUA/2009
Direção: Pete Docter

Veronika Decide Morrer

Esperança à beira da morte

Primeiro romance do escritor brasileiro Paulo Coelho a chegar aos cinemas, pelo menos em língua inglesa, Veronika Decide Morrer é uma coprodução internacional dirigida pela britânica Emily Young, com Sarah Michelle Gellar, estrela de filmes de terror, no papel da protagonista. O mesmo livro tem uma adaptação japonesa que aparentemente nunca foi lançada fora de seu país.

A protagonista, linda, jovem, loira e com um bom emprego, tem uma vida de luxo em Nova York, mas se sente só e vazia. Deprimida, tenta o suicídio com uma overdose de remédios e entra em coma.

Depois de ser internada numa clínica psiquiátrica, Veronika é avisada pelo seu médico que a overdose afetou sua saúde e que não terá muito tempo de vida pela frente. Sem a expectativa de cura, a jovem começa a perceber outros aspectos da vida, tentando compreender os sofrimentos dos outros pacientes, dos enfermeiros e os médicos.

Paradoxalmente, é à beira da morte que a jovem descobre a vida. O filme foi recebido com frieza pela crítica e pelo público, a despeito dos milhões de leitores de Paulo Coelho.

Veronika Decide Morrer: EUA/2009
Direção: Emily Young
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Jonathan Tucker, Erika Christensen

Tela animada

Mostra de filmes goianos, nacionais e internacionais marca hoje e amanhã programação do Dia Internacional da Animação. Também haverá debates e lançamentos de revistas em HQ

Goiânia se integra hoje e amanhã, ao lado de mais 400 cidades brasileiras, em comemoração ao Dia Internacional da Animação, evento organizado pelo Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA). Na cidade, o evento será comemorado em duas etapas: embora o Dia Internacional da Animação oficial seja amanhã, numa festa que une mais de 30 países, por aqui a programação começa hoje mesmo, no Cineclube Cascavel, e amanhã, no Cine Goiânia Ouro. Nos dois dias, programação gratuita com exibição de filmes em animação com mostra regional, nacional e internacional e debate com realizadores, além de lançamento de uma revista de história em quadrinhos.

O Dia Internacional da Animação foi criado em 2002 pela Associação Internacional do Filme da Animação (Asifa). Foi nesta data que Émile Reynaud, em 1892, promoveu o que é considerada a primeira exibição pública de imagens animadas, no Museu Grevin, em Paris.

Em Goiás, as cidades de Morrinhos, Anápolis, Morro Agudo de Goiás, Pirenópolis, Santa Cruz de Goiás e Uruaçu também são palco de programações ligadas ao tema. Márcia Deretti e Coelho Nunes, da ABCA/GO, entidade recém-lançada, em parceria com o Cineclube Cascavel, estão à frente da organização do evento, que conta ainda com o apoio do Sebrae-GO. Hoje, às 19h30, no Cineclube Cascavel, no Centro Cultural Cara Vídeo, onde será lançada oficialmente a regional da ABCA, o público poderá assistir a uma mostra de filmes goianos, com seis títulos, seguida de debate com os realizadores.

Evolução
Márcia Deretti, que já atuou num principais polos de animação do Brasil, o estúdio do premiado Otto Guerra (RS), comenta o que considera uma evolução na animação regional. “Pela primeira vez em três anos, a mostra goiana deixa de ser um retrospecto e passa a ser uma panorama de produções recentes. Os filmes selecionados foram feitos a partir de 2008 e em boa parte por diretores estreantes”, avalia a produtora.

“Existe uma vontade evidente de produzir animação, mas faltam incentivo e condições adequadas de produção. As especificidades da linguagem e da produção de desenho animado devem ser consideradas nas exigências e avaliações dos editais”, observa.

Amanhã o evento se muda para o Cine Goiânia Ouro. A partir das 19h, será realizada uma reprise da mostra de filmes goianos, uma mostra nacional (com 10 filmes) e outra internacional (mais 10 filmes). Na mesma sessão a Monstro Comics (selo da Monstro Discos voltado para as revistas de histórias em quadrinhos) lança as revistas Macaco e A Vida é Mesmo uma Maravilha. Os projetos da Escola Goiana de Desenho Animado também serão lançados no evento, como um festival nacional de animação em 2010.

O produtor e diretor Coelho Nunes destaca que ainda são poucos os realizadores que realmente se dedicam à animação no Estado. “Sem dúvida, não há como deixar de lado os trabalhos praticamente pioneiros de Dustan Oeven e da Mandra Filmes, mas este ano a seleção primou por obras mais recentes. Felizmente, a animação goiana não está mais direcionada para participar do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica), que foi um incentivo importante mas que restringia de certo modo a produção para a mensagem ecológica”, frisa o produtor.

Entre os goianos que participam do evento, ele destaca grupos vindos das artes visuais, como o Empreza, e o trabalho de André Morbeck, que participou da primeira turma da Escola Goiana de Animação. “Tem também o pessoal da Nitrocorpz, com um linguagem de design gráfico bem interessante”, destaca. A animação voltada para o público infantil é lembrada com o trabalho da dupla Thiago Valle e Luis Botosso, que há alguns anos vêm fazendo bons filmes nesta área.

A programação do Dia Internacional da Animação em Goiânia também terá espaço para a história em quadrinhos com o lançamento da Monstro Comics. “A ideia é fazer em história em quadrinhos o que a Monstro Discos fez e faz com as bandas e os festivais, dar espaço à produção alternativa e independente de qualidade”, explica Márcio Jr., um dos sócios-fundadores da Monstro Discos e responsável pelo selo Monstro Comics.

Nos eventos no Goiânia Ouro e no Cineclube Cascavel vão estar disponíveis as primeiras iniciativas da Monstro Comics: a revista Macaco, que inclui trabalhos de autores tarimbados no meio de HQs para adultos como Guazelli e Lauro Roberto. “Este é o número zero da Macaco. No ano que vem queremos ter periodicidade com a revista, trazer outros autores relevantes e também lançar livros. A gente observa que, além das bancas, as HQs, mais simples ou em livros, têm cada vez mais mercado nas livrarias”, diz Márcio Jr.

Ele, que trabalha com música e escreveu e desenhou em fanzines desde o final dos anos 80, diz que está realizando um sonho. “Com a Monstro está sendo possível unir a music pop e as HQs num circuito alternativo e mostrando que isso é viável”, diz o produtor cultural. Com mestrado em música pop e quadrinhos, ele vai lançar no evento a revista A Vida é Mesmo Uma Maravilha, de sua autoria.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Che 2

O crepúsculo de Che Guevara

Che 2, do diretor Steven Soderbergh, Narra o ocaso do homem e o nascimento do mito revolucionário

Lançado em duas partes, o filme Che, cinebiografia de revolucionário argentino Ernesto “Che” Guevara dirigida por Steven Soderbergh, mostra dois momentos da vida de um dos principais mitos da América Latina. A primeira parte, Che, foi lançada em fevereiro e conta a juventude do personagem e a tomada do poder em Cuba, ao lado de Fidel Castro. Che 2 mostra a jornada de Ernesto (Benicio Del Toto) depois da Revolução Cubana, mais precisamente o período em que ele deixou o Congo, na África, onde tentou implantar um governo socialista, e sua volta para a América, quando se embrenhou na guerrilha na Bolívia. Guevara nunca saiu de lá e foi assassinado em 9 de outubro de 1967, eternizando-se como mártir e símbolo de rebeldia e luta por gerações.

O projeto nasceu e começou em 2000, quando Steven Soderbergh e Benicio Del Toro trabalharam juntos em Traffic. Del Toro, que, além de se parecer fisicamente com o personagem, sempre tira elogios da crítica, foi eleito como melhor ator no Festival de Cannes do ano passado pelo papel. Che 2 – A Guerrilha é baseado em O Diário do Che na Bolívia, com anotações feitas por ele mesmo, algo que costumava fazer desde a juventude.

Outro lado da vida do líder revolucionário também foi levado recentemente ao cinema, com direção do brasileiro Walter Salles numa coprodução internacional produzida Robert Redford. Trata-se de Diários de Motocicleta, que mostra a juventude de Che Guevara, quando ele ainda era estudante de medicina e resolve viajar de moto com um amigo por vários países latino-americanos. O que começa como uma aventura juvenil termina com a consciência sobre as desigualdades de um continente explorado e miserável, apesar de suas riquezas culturais e naturais.

Che 2 – A Guerrilha: EUA/2008
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Benicio Del Toro, Demián Bichir, Santiago Cabrera, Rodrigo Santoro

Bastardos Inglórios

Tarantino contra os nazistas

O cultuado diretor de Kill Bill volta à cena e pela primeira vez dirige um épico de guerra em Bastardos Inglórios

Aos 20 anos de carreira, em que reverenciou a cultura pop com filmes marcantes como Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Kill Bill, o diretor norte-americano Quentin Tarantino faz sua estreia num gênero caro a Hollywood, o épico de guerra, com a superprodução Bastardos Inglórios, protagonizada pelo astro Brad Pitt. O longa-metragem se passa na 2ª Guerra Mundial e conta a história de um grupo de soldados judeus americanos que, na Europa, cria uma unidade própria e de métodos ultraviolentos para se vingar dos nazistas.

O tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados americanos judeus para praticarem atos violentos de vingança contra os soldados de Hitler. Chamados pelos alemães “Os Bastardos”, o esquadrão de Raine se une à atriz alemã Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) num missão mais elaborada para derrubar os líderes do Terceiro Reich. Uma espiã no melhor estilo dos filmes noir, a mulher tem seus projetos particulares nesta jornada, que podem ou não se tornar uma ameaça ao grupo de Raine.

A moça, que é dona de uma cinema em Paris, encanta Fredrick Zoller (Daniel Brühl), oficial alemão de alta patente. Por causa disso, é programada uma sessão de gala do filme Orgulho da Nação, dirigido pelo ministro alemão Joseph Goebbels (Sylvester Groth). A chance é perfeita para matar os líderes nazistas e quem sabe até o próprio Hitler (Martin Wuttke), que iria a Paris para participar da sessão.

Embora não seja uma adaptação, segundo Tarantino, seu novo longa é inspirado no título de um filme italiano de 1978. Outras referências assumidas pelo cineasta são Os Doze Condenados e Fugindo do Inferno. Sobre o seu filme em particular, Tarantino completa: “Cada capítulo do filme tem um visual e também uma sensação ligeiramente distinta, e o tom é diferente em cada um deles. A abertura tem um clima de bangue-bangue, mas com a iconografia da Segunda Guerra Mundial”, diz o diretor, já adiantando a mistura de gêneros que é característica de sua filmografia.

Tanto que, ao falar sobre os personagens, ele foi bem categórico: “Os Bastardos estão agindo como apaches, numa situação sem chance de vitória. É isso que estamos tentando fazer. Eles estão tentando ganhar uma guerrilha psicológica, uma guerrilha contra os nazistas.” Ao comentar sobre a gama de aspectos de seu filme, Tarantino afirma: “Gosto do fato de ser o poder do cinema quem luta contra os nazistas. Mas não apenas como uma metáfora, e sim como uma realidade literal.”

Cult
O roteiro demorou quase dez anos para ficar pronto, assinado pelo próprio diretor, como em quase todos os seus trabalhos. As filmagens começaram em outubro do ano passado, na pequena cidade alemã de Bad Schandau, próxima à fronteira tcheca. O filme foi quase inteiramente rodado em sequência. As cenas de interior foram filmadas nos Estúdios Babelsberg, em Berlim, de 97 anos.

Brad Pitt foi o primeiro ator a ingressar no elenco, como o tenente Aldo Raine. “Eu já tinha encontrado Brad algumas vezes e sabia que ele tinha interesse em trabalhar comigo, e eu também queria trabalhar com ele. Mas não é assim que funciona comigo. O personagem vem sempre em primeiro lugar, e quando eu estava escrevendo o personagem Aldo Raine, me dei conta de que seria um bom papel para o Brad. Comecei a ficar nervoso, pois não saberia o que fazer caso ele recusasse”, conta Tarantino.

O diretor disse que entrou em pânico na hora de fazer o convite. “Quais são as chances de o astro de cinema mais requisitado do momento querer participar do filme, e estar disponível quando eu precisar dele, ou seja, agora? Mas às vezes os deuses do cinema sorriem para nós.”

Embora cultuado desde o início da carreira e dos inúmeros prêmios, Tarantino nem sempre foi um estrondo de bilheteria. Não se sabe se pela presença de Brad Pitt, mas Bastardos Inglórios é até agora o filme mais rentável de Tarantino, tanto nos EUA quanto no exterior. Pulp Fiction alcançou US$ 106 milhões nos mercados externos e US$ 107,9 nos EUA, enquanto Kill Bill Vol. 1 totalizou US$ 110,9 milhões internacionalmente e US$ 70,1 milhões nos Estados Unidos.

O diretor cogita uma continuação para o novo longa. Em entrevista no lançamento em Roma do filme, o cineasta disse não se considerar um diretor americano e comentou sua relação com a imprensa. “Os críticos podem me amar ou me odiar, mas com certeza eles não têm como ficar indiferentes”, disse. Estava prevista a vinda do diretor para o lançamento do longa no Festival do Rio, mas ele cancelou sua participação no evento, alegando exaustão.

Bastardos Inglórios: EUA/Alemanha, 2009
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Eli Roth, Diane Kruger, Til Schweiger, Julie Dreyfus

Te amarei para sempre

Nem as barreiras do tempo podem ser obstáculo ao grande amor? A pergunta é o fio condutor da fantasia romântica Te Amarei para Sempre, estrelada por Eric Bana (de Hulk e Troia). Baseado em romance da escritora de best sellers Audrey Niffenegger, o filme tem a produção assinada pelo astro Brad Pitt, que não atua no longa-metragem.

Eric Bana interpreta Henry, o protagonista, um homem que, graças a uma mutação genética, viaja no tempo mesmo contra a sua vontade. Numa dessas suas viagens, ele conhece uma menina que se apaixona por ele, Clare. O tempo passa, ela se torna uma mulher e os dois se reencontram várias vezes. O papel é de Rachel McAdams, de Voo Noturno.

Em seus reencontros, o casal consegue namorar, casar e até ter uma filha, apesar de tudo. A felicidade não é maior porque, por mais que Henry tente, ele não consegue viver o mesmo tempo em sintonia com ela durante longos períodos, lembrando filmes recentes como A Casa do Lago ou mais recentemente O Curioso Caso de Benjamim Button, estrelado por Brad Pitt.

Te Amarei para Sempre: EUA/ 2009
Direção: Robert Schwentke
Elenco: Rachel McAdams, Eric Bana, Ron Livingston, Jane McLean

Distrito 9

Alienígenas favelados

Distrito 9, ficção científica ambientada nas favelas da África do Sul, mostra ETs tratados como imigrantes ilegais


Um novo olhar sobre o gênero da ficção científica – este é um dos motivos para assistir ao filme Distrito 9, que tem produção de Peter Jackson (de O Senhor dos Anéis). A direção é de um estreante em longas-metragens, Neil Blookamp, criado na África do Sul, mas que fez carreira no Canadá. A trama, que evoluiu de um curta do próprio Neil, começa com elementos clássicos do gênero: a chegada de uma imensa nave de alienígenas no nosso planeta. A diferença é que eles não são maus nem têm superpoderes – são refugiados que não têm como voltar.

Os alienígenas vão parar em Johanesburgo, na África do Sul, e, como o governo não sabe o que fazer com eles, acabam num assentamento bastante semelhante às favelas de Soweto. Quando um ser humano é contaminado por um vírus dos ETs, ele passa a ser caçado, pois os governantes querem fazer experiências que tenham alguma vantagem bélica. Com medo, o humano se esconde no Distrito 9, exatamente o assentamento dos refugiados alienígenas.

O diretor disse que, desde o início do projeto, queria fugir do convencional. “Basicamente, o filme se alterna entre a história ficcional e um universo ultrarrealista”, explica, acrescentando que mistura cenas dramáticas, sequências documentais e imagens reais de noticiários. “O filme oscila entre algo que parece um filme e algo que parece estranhamente real”, define.

O curta-metragem que deu origem a Distrito 9 era um filme de ficção de baixo orçamento no estilo documentário: Alive in Jo’burg, rodado numa favela de Johanesburgo. No curta, ele introduz alienígenas intergalácticos ao cotidiano de Johanesburgo. Segundo ele, o tema do filme tem paralelos com conflitos reais da cidade. Mesmo assim o diretor nega que a produção seja uma metáfora direta sobre os problemas recentes da África do Sul, embora seja impossível dissociar o filme do seu cenário.

Na verdade, muitos filmes de ficção científica refletem questões de sua época, caso das produções dos anos 50 que evocavam o clima da Guerra Fria. O fenômeno abrange também obras recentes, como Independence Day, de 1996, sucesso de bilheteria difícil de não relacionar à nova política armamentista dos EUA em relação ao Oriente Médio.

“Na África do Sul, nós temos de enfrentar questões que as pessoas do resto do mundo, em geral, varrem para debaixo do tapete”, observa Sharlto Copley, que interpreta o protagonista, Wikus. Antes de ser contaminado, ele era um agente orgulhoso da MNU, uma empresa privada que registrará lucros exorbitantes se conseguir fazer com que as poderosas armas dos ETs funcionem.

Desde o início, estava decidido que o cenário do filme seria Johanesburgo, embora a história pudesse ser ambientada em qualquer grande cidade de um país em desenvolvimento. O tom desolador, cruel e cinzento que o diretor queria teve a ajuda do próprio tempo: as filmagens foram feitas na temporada seca de inverno. “Nós filmamos no inverno porque eu queria que a cidade do filme tivesse o aspecto de um deserto urbano calcinado”, conta.

Distrito 9: EUA/Canadá, 2009
Direção: Neil Bloomkamp
Elenco: Jason Cope, Kenneth Nkosi, William Allen Young, Sharlto Copley

De Profundis

Considerado um gênio das histórias em quadrinhos, o espanhol Miguelanxo Prado fez artesanalmente o longa de animação De Profundis, trabalho que demorou cerca de quatro anos. Ao todo, ele pintou cerca de 10 mil quadros a mão, que posteriormente foram animados. A trama é sobre um pintor que afunda no oceano e, junto de sereias e seres marinhos, nada em direção da música distante de uma linda mulher. De Profundis foi premiado com um Goya de melhor filme de animação. Prado é autor de histórias em quadrinhos e de uma adaptação de Pedro e o Lobo.

De Profundis: 2007/Espanha, Portugal
Direção: Miguelanxo Prado

Caçador

Um detetive se tornou cafetão, motivado por problemas financeiros, mas volta ao mundo da investigação quando descobre que suas “meninas” estão desaparecendo uma após a outra. Desconfiado, ele segue uma pista que o leva a um único cliente misterioso. Para salvar a última das garotas, o ex-detetive se envolve num labirinto de perigos e mentiras. O filme O Caçador é a estreia de Na Hong-jin, mais um diretor da Coreia do Sul que vem chamando a atenção dos cinéfilos, uma onda que vem desde OldBoy, Lady Vingança e O Hospedeiro, entre outros.

O investigador-cafetão não vai bem nos negócios e tudo se torna mais sombrio quando as prostitutas que trabalham para ele somem sem vestígios. Ele chantageia a jovem Mi-jin (Seo Yeong-hie), a última de suas garotas, para que ela vá trabalhar, mesmo febril e doente: a jovem vai servir como isca para a descoberta da identidade de um serial killer.

O Caçador: Coreia do Sul/2008
Direção: Na Hong-jin
Elenco: Kim Yun-seok, Ha Jung-woo, Jee Young-min, Seo Yeong-hie, Kim Mi-jin

Fados

Depois de se dedicar a filmes que tentam traduzir em imagens um tipo de música específico, como Flamengo, de 1995, e os ritmos latinos em Tango, de 1998, o diretor espanhol Carlos Saura focaliza sua câmera e seu talento para a música portuguesa. Em Fados, como já diz o título, ele faz um documentário em que mistura referências do Brasil, da África e, claro, de Portugal, destacando o gênero musical que se tornou uma referência do patrimônio cultural dos portugueses no mundo.

O cineasta busca desvendar as origens do fado, mas também a atualidade do gênero, num diálogo entre o passado e o presente, indo além de seus aspectos folclóricos. Um dos fadistas contemporâneos está presente no longa, o nostálgico Camané. Entre os vários depoimentos do documentário, destacam-se também participações de brasileiros como Caetano Veloso, Chico Buarque e Toni Garrido.

Fados: Espanha/Portugal, 2007
Direção: Carlos Saura

Substitutos

Um dos poucos astros de ação sobreviventes dos ano 80, o ator Bruce Willis é o protagonista de Substitutos, ficção ambientada no futuro e inspirada na graphic novel de Robert Venditti. A trama se passa numa época em que as pessoas perderam totalmente o contato entre si. Elas vivem em casa e controlam robôs, os surrogates, cópias aparentemente perfeitas. Este mundo virtual cai por terra quando estas máquinas começam a apresentar defeitos e ameaçar a humanidade que a criou.

Com direção de Jonathan Mostow (de O Exterminador do Futuro 3: A Revolução das Máquinas), o filme tem como herói Tom Greer (Bruce Willis), um homem que não consegue superar a perda de seu filho. Policial, o personagem passa a caçar o terrorista tecnológico que está destruindo os androides criados para substituir os seres humanos. Como companheiro de trabalho na missão, Tom conta com sua própria cópia-androide.

Substitutos: EUA/2009
Direção: Jonathan Mostow
Elenco: Bruce Willis, Ving Rhames, Rosamund Pike

Anticristo

Perdidos na floresta

Em Anticristo, seu filme mais polêmico até hoje, o premiado Lars Von Trier narra o desvario trágico de um casal

Marcado pela polêmica desde sua estreia nos anos 90 com o manifesto Dogma 95, o premiado cineasta dinamarquês Lars Von Trier parece ter chegado ao limite ao se embrenhar numa história que vai do drama ao horror: Anticristo, lançado no Festival de Cannes, em maio, dividiu a crítica e o júri, que lhe concedeu apenas o prêmio de melhor atriz para a protagonista Charlotte Gainsbourg. Ela interpreta uma mãe que acabou de perder o filho e, junto com o marido (Willem Dafoe), decide vivenciar o luto numa cabana isolada numa floresta, lugar onde os dois se entregam à dor e a atos bárbaros um contra o outro.

Anticristo é dividido em quatro atos. Em luto, a mãe, a personagem sem nome que deu a Palma de Ouro à atriz Charlotte Gainsbourg, entra num processo de culpa e depressão profundas: ao fazer amor com o marido, o casal não percebe que o seu bebê saiu do berço e despenca da janela. A seguir, no ato Dor, o marido, que é terapeuta, insiste para que o casal se afaste da cidade e passe uma temporada numa cabana no campo. No entanto, ele e a mulher saem completamente do eixo. Os dois perdem o controle de si mesmos e mergulham tragicamente nas profundezas do medo, da culpa, do ódio e da paixão. Controvérsia é o que não falta na carreira do diretor de Os Idiotas, sobre um grupo de pessoas que se passa por portadores de transtornos mentais graves. Dançando no Escuro é um musical que contraria radicalmente o clima festivo do gênero hollywoodiano.

O teatral Dogville contesta o propalado bom-mocismo dos norte-americanos ou, no mínimo, questiona as boas intenções humanas em geral.

Vaias
Em entrevista coletiva no festival francês, logo após a sessão para a imprensa, Lars Von Trier chegou a ser vaiado por alguns jornalistas. Cenas de masturbação, sexo explícito, tortura, mutilação e enterro de uma pessoa viva estão entre as que provocaram a polêmica em relação ao longa-metragem, que chega ao Brasil sem cortes. Diante das críticas, o cineasta tem se negado a explicar o filme. Quanto às reações mais passionais ao longa, ele responde que acha positivo que as pessoas saiam do cinema com “algum tipo de emoção”.

Em outra entrevista, um jornalista se manifestou: “O senhor faça o favor de explicar por que fez esse filme.” “Não tenho de me justificar. Não preciso me desculpar por nada. Vocês são os meus convidados, não o contrário. Eu trabalho para mim mesmo, não fiz esse filme para você ou para o público”, respondeu o diretor, visivelmente nervoso.

Em outra ocasião, o cineasta afirmou que fazer o filme foi uma espécie de terapia, pois recentemente ele mesmo tinha passado por um processo de depressão. Então, por que a escolha de uma história tão triste e violenta? “É mais a rotina de fazer um filme que funciona como terapia. Acordar todo dia e ir trabalhar. Isso me ajudou com a depressão”, explicou.

Ao responder sobre as imagens fortes do filme, Lars respondeu: “É tudo imagem para mim – mesmo que haja linhas feitas à giz no chão. Mas eu estava me sentindo pra baixo, deprimido – cheguei ao fundo do poço – e duvidei que fosse capaz de fazer outro filme. Porém, retornei a alguns materiais da minha juventude. Eu era muito interessado em Strindberg, especialmente na pessoa dele. Ele era incrível. Então tentei fazer um filme – nunca falei sobre isso antes e é difícil colocar em palavras – no qual eu tivesse que jogar a razão para longe por um momento”.

Anticristo:
Dinamarca/Alemanha/ França,2009
Direção: Lars Von Trier
Elenco: Willem Dafoe, Charlotte Gainsbourg